quarta-feira, 28 de dezembro de 2016

ELES CORRIAM

ELES CORRIAM ATRÁS DA TRAVESTI  E GRITAVAM "VAMOS MATAR"
ELES CORRIAM ATRÁS DA TRAVESTI  E GRITAVAM "VAMOS MATAR"
ELES CORRIAM ATRÁS DA TRAVESTI  E GRITAVAM "VAMOS MATAR"
ELES CORRIAM ATRÁS DA TRAVESTI  E GRITAVAM "VAMOS MATAR"
ELES CORRIAM ATRÁS DA TRAVESTI  E GRITAVAM "VAMOS MATAR"
ELES CORRIAM ATRÁS DA TRAVESTI  E GRITAVAM "VAMOS MATAR"
 
suspeitos
suspeitos
suspeitos
suspeitos
suspeitos
suspeitos

índio
índio
índio
índio
índio
índio

indo
índio
indo
lindo
índio
indo

índio
índio
índio
índio
índio
índio

suspeitos
suspeitos
suspeitos
suspeitos
suspeitos
suspeitos


 "VAMOS MATAR"
 "VAMOS MATAR"
 "VAMOS MATAR"
 "VAMOS MATAR"
 "VAMOS MATAR"
 "VAMOS MATAR"

terça-feira, 6 de dezembro de 2016

eu to com saudade
mas não vou dizer
eu tô te vendo
mas não vou falar
eu quero
mas não sei ir
eu sinto
mas não sei como
eu espero
mas não sei o que
eu sorrio
mas não sei pra que
eu choro
mas sem barulho
eu grito
mas não passa do chão
eu explodo
mas não entendo
e fico ansiosa
e me como
de dentro pra fora
sem saber dizer
ver falar ir
como o que pra que
sem barulho
sem passar do chão
eu explodo
mas dessa vez
eu entendo
meus membros inferiores
balançam descompassadamente
cinco e meia da tarde
a luz do dia nessa hora
é minha favorita
e graças ao teu atraso
tu chega cinco e meia da tarde
a luz do dia nessa hora
é minha favorita
no outro lado da cidade
ainda ecoa a nossa ultima conversa
depois de nós mais de muitas pessoas
passaram por aquela árvore
o barulho discreto do beijo
que foi dado após a despedida
é castigado pela saudade
e repartido em mil pensamentos

domingo, 27 de novembro de 2016

passarim dos cachim amarelo
voa voa bem alto sem tirar o pé do chão
tuas asas são só o começo do estandarte 
da aparição de coisas belas

sábado, 26 de novembro de 2016

as singularidades nos fazem nos perder
enquanto o sol se pôr no canto dele
para tudo haverá uma saída
cada onda do mar é contada a dedo
pelos poetas cegos que sentam de costas pro mar
os poetas cegos andam com os ombros desalinhados
a maioria não penteia o cabelo e gostam de cavalos marinhos
as calçadas que fazem parte dos caminhos deles moram perto
do lugar onde o vento aprendeu a assobiar sem fazer barulho
há um buraco nos poetas cegos que quando percebidos viram luz
eu quero ver a cor dos ventos dos poetas cegos contigo
enquanto tu me conta porque chorou ou não noite passada

sexta-feira, 25 de novembro de 2016

 Sinto um monte de pedaços de desencontrando dentro de mim.
É muito improvável que depois dos quereres consolidados e aniquilados
A vontade de sair da corda bamba permaneça como provável.
Mais e mais animais se multiplicam dentro de mim quando surge o desconhecido
Uma selva inteira se nega a aceitar que na verdade ela precisa da essência daquilo.
Enquanto outras possibilidades de concretização são cristalizadas diante de mim
Os meus pés criam um vínculo com o chão muito maior do que eu queria.
Me finco no estabelecimento do até ali e desaprendo a voar por instantes
Até a maré se virar e revirar e voltar a ser o que era antes do agora.

Mergulho em mares desconhecidos apenas com a certeza que não vou me afogar. 

quinta-feira, 20 de outubro de 2016

Acho curiosa sua questão de querer parecer um ser inverso ao meu.
Visto que nós investimos mais nas nossas fraquezas, suponho que seja uma delas.
É inevitável a contravenção dos quereres já nascidos há anos.
As peles que nunca se encontraram se repelem como polos comuns.
A coisa que deveria unir certo ponto corta como a única coisa que pode separar.
E separa.
Depois da queda infinitamente lenta há ainda um lamento escondido na escada.
O esperar torna-se a mais bela obra da idiotice criada dentro de si.
A que ponto chegamos?
Evitar a propagação de pensamentos para não querer. Mais.
O controle está escondido num sofá que nunca vimos.
A corda bamba das tuas indecisões tem um tom agudo não escolhido por ti.

De fato a cegueira metafórica é uma doença que atinge a massa que ama. 

terça-feira, 18 de outubro de 2016

a mulher que te pariu
morreu pra tu tá aqui
tu aponta o dedo
na cara de quem tem medo?

há sangue vermelho escuro
brotando de um matagal escondido
quantos bichos se mostram
com a máscara de pai?

em cada canto de vento
uma dama fuma um cigarro
acorrentada ao destino
pra que esperar o ultimo escarro?

hoje tu nem olha pra trás
teu rabo tá na mira do diabo
teu filho lambe de quatro a cruz
em que pecado caiu tua fé?

em nome dos desalentos
creio no pagamento de dividas terrestres
que cada estaca se reverta em mil estacas
e por que ter pena de quem matou uma ou mil mulheres?

por vidros e pedras
em chamas
no travesseiro
dos que ousam
levantar a mão
pra nós.

Hoje me agarrei com a insônia madrugada 
como quem se agarra com a mãe 
depois de uma partida inesperada.
As teclas dos teclados pareciam abismos 
e o papel inexplicavelmente 
tinha o reflexo do meu rosto aquarelado nele.
Talvez eu estivesse muito insatisfeita 
com o meu dia e com uma não presença. 
Tento sentir atração pela cama limpa 
e os lençóis espalhados 
mas tem um pássaro na minha cabeça. 
Voando. Sem parar. Gritando. Sem parar.
Acho bonito.
A melodia da falta de saber o que fazer 
tem sua parcela de necessidade.
A culpa, que também é um bicho, 
devia entrar em hibernação 
quando passamos a correr atrás da gente mesmo. 
Mas não. Ela fica voando.
Sem parar. Gritando. Sem parar.
Me perco ridiculamente.
Nem em todas as noites e dias 
que moram dentro da madrugada 
possuem horas necessárias para entender 
porque o bicho nós tenta entender. Sem voar.

Se parar. Gritando. Sem parar.  
Hoje uma criança perguntou pra mãe dentro do ônibus como o motorista descia se ele abria e fechava a porta por dentro. Depois ele perguntou se as formigas dormiam com quem gostavam e em seguida quanto tempo faltava pra eles chegarem em casa.


Enquanto uma criança sai da casca 
Um beija flor faz seu ninho.
Quando o filhote de beijar flor 
Tá aprendendo a voar
Ele encontra o chão vinte e seis vezes por dia.
Ali tá o princípio do amanhecer.
No sair da concha
E no encontrar o chão antes de voar.  



Poesia matinal:


Eu saio cantando do banheiro 
e tu ri pra mim.

quarta-feira, 12 de outubro de 2016

Glória a ode
Ao final feliz
Que não existe
Andaremos em merda
Misturada com o nosso sangue
Enquanto os partidários
Lambem cus melados de pó de ouro
A fome de esperança
Será a única extinta


enchente

Eu nada tinha em mãos,


a não ser a ponta dos teus cabelos.

domingo, 9 de outubro de 2016

II.


(coisa número dois)


movimento de rotação do planeta
é alterado dependendo da direção
das tuas mãos nas minhas costas
não há porque duvidar da dúvida
que sempre esteve ali
enquanto o frio bagunça nossos ossos
conseguimos ver a lua em cima das nossas cabeças
perder a única saída por alguns minutos
se tornou a prévia de despedidas
a soma de barulhos e pessoas é nula
quando lábios se encontram
depois que te viram

meus olhos aprenderam a falar 

quarta-feira, 28 de setembro de 2016

- fortaleza munamú -

I.

Em cada intervalo de pontes
Há emaranhados de pensamentos
Que estagnados sob o sol
Fervem a cabeça até sumir
Nos grãos de areias
Lembranças dos atritos de pele
Que ali um dia aconteceram

II.

No universo sob a copa das tuas árvores
Um dia me descobri eu gigante
Aprendi a linguagem dos peixes da fonte
Das lagartas e formigas debaixo dos bancos
Da pessoa que por dentro é carnaval
E da minha

III.

São entranhas com cinza dominante
Que possuem quase mais cor que o amor
Nas esquinas tombos de desconhecidos
Perpetuados por uma razão pessoal a seguir
Buzinas vozes gritos e choros compõem tua valsa

Há uma melancolia bem maior ali do que em toda a cidade
Quando teus olhos olham para baixo
Entro em contradição com o universo
Desvio-me da busca por alguma verdade
E me torno vendedora ambulante de vagalumes
Enquanto tuas mãos percorrem o vento
Penso no que resultará tudo aquilo
Alguma leve massa de partículas sorri
E deito de costas pro mundo
São infinitas as possibilidades
As probabilidades
As quedas
Recorro ao passado enquanto lavo os pratos
Se não fosse ele eu estaria sem cor
E lembro que não posso esquecer do passado
Não posso esquecer da dor do passado
Não posso esquecer do peso do passado
Não posso esquecer do cheiro do passado
Não posso esquecer do não nem do sim do passado
Do que o passado me fez passar
Das passadas que dei
Do quanto o passado demorou pra passar
E do quanto foi bom quando passou
A água escorre pelos meus dedos agora imóveis
O passado é bom quando acaba?
Acaba?
Passado o passado a gente sente?
A gente sabe?
Os encaixes que antes pareciam infantis
Tendem agora a ser de uma enferma complexidade
Sentar na velha cadeira
Ver a velha companhia do  salto de olhos fechados
Faz o passado passar mais rápido

Quanto tem que passar 
Enquanto o agora não é passado
Há possibilidade de abraços 

domingo, 25 de setembro de 2016

O adiamento de coisas necessárias
Cria forças a cada explosão de bomba
Por entre os dedos do homem que atravessa a rua
Um pedaço de mundo cai e é pisoteado pela criança que vem atrás
A esperança não tem mais a mesma cor do céu
O amanhã que vinha pendurado na flor de goiabeira
Agora é gerado na ponta dos postes de luzes florescentes
Enquanto minha cidade perde a cor que minha vó me mostrou
O mar avança do outro lado do mundo acabando com ele
A cada piscar de olhos de um poeta outro poeta morre
Depois da explosão de cada bomba
O adiantamento das coisas necessárias cria forças
Ninguém se importa mais porque o cachorro tá latindo
Aprender algo que lhe torne útil é a meta do mês
Num suspiro distraído a gente esquece dos outros
Quem sabe o meu respectivo poeta piscou demasiadamente seus olhos
O mundo ele não cansa nem quando metade de si lhe dá as costas
Me inspiro em passos rasos e em coisas que não tem luz

Talvez assim quando perto da curva não me perca

quarta-feira, 21 de setembro de 2016

queda livre

no caminho que precede
a linha do umbigo
há um talvez
lá esbarramos sem querer
e subimos pra conversar
na ponta da orelha
do destino

num salto pro dedo
intrometido do desejo
vimos a boca sem luz
e com poucas saidas
do medo

queda livre


quarta-feira, 7 de setembro de 2016

I.
(coisa que vou deixar na tua bicicleta)
por consequência poética 
te transcrevo passarinho
as horas dançando parada contigo
são séculos de aflição cancelados
enquanto nossos olhos descansam
somamos toque ao acaso
e há algo sim de encantador
acontecendo no meio do oco

terça-feira, 9 de agosto de 2016

Eu descobri o que quero fazer da vida. Abraçar as pessoas.
Como assim abraçar as pessoas?
Abraçar as pessoas. Abraçar. Pessoas.
E tu quer ganhar dinheiro com isso? Abraçando? Pessoas?
Parece idiota pra tu, né?
Por que eu iria querer um desconhecido me abraçando?
Tu negaria o abraço de um desconhecido em uma tragédia?
Mas.... Tu iria ter que esperar as tragédias acontecerem?
Elas acontecem o tempo todo, Marcelo.
Sim, mas... Tu então quer sobreviver de tragédias?
Não, eu quero abraçar pessoas. Esquece as tragédias. Péssimo exemplo.
Esqueci que há dois meses não conseguimos conversar.
Esquece as tragédias, Marcelo...
Essa não tem como esquecer.
Eu sei que não. Podemos andar de mãos dadas um pouco?
(...)
Teus dedos tem meu formato de dedos favorito.
Isso é sério?
É. Esqueci que tu não entende meus elogios.
Eu sempre penso que pode ser algum tipo de piada.
Tu não gosta das minhas piadas?
Só quando são engraçadas.
(...)
Ei, sobre os abraços.
O que?
Eu quero um.
Tu tá me pedindo um abraço?
Tô.
A gente pode andar um pouco assim agora.
Mas, nossos corpos estão muito, muito tortos.

Eu tô confortável.

segunda-feira, 8 de agosto de 2016

Naquele dia teus olhos me disseram que exatamente ali havia um princípio. Eu não conseguia olhar pra outro lugar por muito tempo, eu não conseguia evitar olhar pros teus olhos e quando olhava demorava mais minutos do que o normal para perceber que a realidade era fora dali. Cada coisa daquele parque estava em seu lugar. As folhas secas que ainda não haviam caído e que estavam muito bem penduradas apesar de.... Secas. A fonte que na superfície é estática, mas que há vida dentro dela. As notas fiscais que estranhos receberam, provavelmente nem leram e jogaram no chão. Os bancos recém restaurados, verdes e feitos para uma pessoa sentar e escrever enquanto a outra deita e fica olhando a que tá sentada escrevendo sem deixar que ela perceba. O chão é convidativo pra andar descalço e quando a vista aponta pra cima o verde, o azul e os traços dos galhos formam uma textura que eu consigo sentir na barriga. Até o vento que passa e muitas vezes a gente não percebe fez questão de ser personagem durante toda a cena. Aliás, sempre que divido a vida contigo eu entro em um palco. Com chão de madeira bem envernizada e poltronas vermelhas. O teatro sempre tá vazio, mas a gente parece se divertir mais do que qualquer público. E artista. Juntos.

sexta-feira, 22 de julho de 2016

Eu poderia escrever um ensaio completo sobre tuas costas naquele dia.
De todas as ansiedades que acidaram meu dia aquela me fez rir,
Talvez, de fato eu não saberia o porquê. Ou só não quisera admitir, pois
Já que tudo ladrilhava de uma forma inesperada e inflável não estivesse
Com coragem suficiente para saltar de uma altura não segura.
Deus abençoe o dia de amanhã e as coisas que o fazem vir mais depressa.
Alguns beijos podem servir de preparação para um corte fino e fundo e
Enquanto as mãos se abraçam o corpo se blinda aos poucos com partes do outro.
De que serve tudo isso se não para que nada seja de fato um nada?
A superficialidade de algumas coisas me ataca e come minha costela devagar
Enquanto eu olho pro lado pra fugir daquela coisa morta que insiste em aparecer.
Minha sorte é que eu vi tuas costas naquele dia e sobre ela eu seria capaz de escrever
Um ensaio completo da mais magnífica leveza e imprecisão do primeiro voo de um pássaro.
Desalinhada com o tempo e com as vozes que passavam por ali, sem conseguir fingir,
Correr e muito menos sem querer desviar o olhar eu me peguei pensando num piso
De madeira amarelada queimada e nossos pés se mexendo feito folha no chão quando
Bate o vento do final de tarde. De todas as preocupações que eu resistia pra não esquecer

Apenas uma ficava sentava no me ombro ali: Como eu faço pra meu aproximar dessa menina?

sábado, 16 de julho de 2016

há algumas veias em mim 
que já não servem pra nada
tudo que circularia por ali estancou
eu sinto fadiga de não querer mais por menos
e penso que as costas são também um não querer
no momento meus pés começam a entrar em decomposição
e o meu abdômen não suportaria outras toneladas sugada
subverto a contradição dos toques e não admito não conseguir
outra parte do tudo não se conecta e sinto vontade de sair
na minha garganta um globo do tamanho de uma mosca se forma
e endurece qualquer expressão diferente da indiferença
por dentro o corpo manifesta atos sólidos de algo que não conheço
e por fora a edificação do oposto de firma de uma maneira natural

sinto saudade do carnaval todos os tempos que não vejo teu rosto cru

sábado, 9 de julho de 2016

todo mundo pensa que tem um par 
e que ele nasceu com um dom
o de te fazer mais leve fazer azul
de te deixar flutuando numa superfície nu
eu queria voar a um metro do chão
onde sem me esforçar possa ser livre 
sem precisar soltar a tua mão
teus dedos longos traçam em mim 
direções nas quais sem medo embarco cega
nada que me toque faz como teu cheiro
que brutalmente me encontra
encurrala adentra e abala
tudo que está em paz
as tardes perdem a cor o céu não sabe andar
por onde anda aquela dor que dá em te olhar
não tenha pressa o mês nem acabou
não é nem dia dez o telefone ainda não tocou
quando a maré encher e a lua acompanhar
te prometo que nós vamos nos encontrar

quinta-feira, 7 de julho de 2016

vazio vazio vazio vazio
vazio
o vizinho chora na calçada
pelo leite derramado do outro lado
do parapeito estreito que separa
os dois eixos de um rio
que insiste em acordar tarde
vazio vazio vazio vazio

vazio

quarta-feira, 29 de junho de 2016

tem gente que é
maior que o mar
eu vi de perto
posso falar

- sete pousos de pássaros em um raio de menos de um metro em três segundos
- o passar do tempo cria força pra voar
- uma ventania que prova que folhas secas são mais importantes acontece
- o céu fica suspenso em cílios
- 60% das reações me aproximam inconscientemente
- o depois se torna objeto de não querer dentro do agora
- metade dos caramujos escondidos saem pra ver o que é
- o próprio acaso se faz presente pra que aconteça

tem gente que é
maior que o mar
eu vi de perto
posso falar

a influencia da simplicidade desliza em voz
o querer do não querer demais me faz querer bem
todas as analogias poéticas funcionam
as linhas que são esquecidas se entrelaçam na nossa frente
pés se perdem em um dois três quadrados de chão de praça
palavras assumem novamente suas posições e se abraçam ao vivo
enquanto pessoas passam novos métodos de ser feliz são descobertos

ali tão perto enquanto nove ônibus passam e nada importa

o amor pelas minhocas

dom de ser gigante
pra não caber em árvore
e ser floresta
mais de mil baobás
compõem o teu corpo
é legível no rosto dos passarinhos
a delicadeza do teu ombro
a correnteza leva o que encontra
e quando perdido o significado do insignificante
começa a busca por um lugar pra dormir
é que dentro de ti de dia faz calor
e a noite tu sabe
quando chove o chão acorda
e começa a nascer mais pedaço de tu
uma minhoca faz cócegas no teu pé esquerdo
e as folhas de mil baobás dançam

quarta-feira, 22 de junho de 2016

o futuro já passou e o passado não existiu 
o presente fincou na asa do depois
e o oco do tempo entrou em desespero
os dias deixaram de ser dias
o colapso do pensamento humano
entrou em seu ápice antes de existir
e quando existiu não soube pra que

segunda-feira, 20 de junho de 2016

A cidade entrou em decomposição.
O eco da tua voz percorre
Cada pedaço de mim.

                                                                           Até os que não existem.

Meus sentidos já não fazem nada.
Perdi minha mala,
Minhas garrafas,
Meus sapatos,
Todos os gostos que passaram pela minha boca e agora tudo que espero
É um sinal vindo de um canto e escrito nele nossos desejos secretos que
Penduramos naquela parede rebocada que iria ser a nossa varanda.

                                                                        Compostos invisíveis dançam
                                                                         Ouvindo tua voz
                                                                         Vendo tu dançar
                                                                         Quando tu perde o medo                
                                                                          Quando tu sorri
                                                                          Sentindo tua pele
                                                                          Tua respiração
                            
                 

                                                                   TU.

domingo, 19 de junho de 2016

Te fazer saltar
Sem coragem
Perdida entre
Duas linhas
Paralelas
Estreitas
Se entristece
Ao saber que
O amanhecer
Adoeceu quando
Se perdeu
Por favor
Finge que não viu
Nada mais pode escapar
Agora não podemos
Nos desesperar
O tempo controla
A ponte está invisível
Um oceano que cabe
Na mão de uma avó
Nos une
Um oceano que cabe
Na mão de uma avó

Nos separa