segunda-feira, 8 de agosto de 2016

Naquele dia teus olhos me disseram que exatamente ali havia um princípio. Eu não conseguia olhar pra outro lugar por muito tempo, eu não conseguia evitar olhar pros teus olhos e quando olhava demorava mais minutos do que o normal para perceber que a realidade era fora dali. Cada coisa daquele parque estava em seu lugar. As folhas secas que ainda não haviam caído e que estavam muito bem penduradas apesar de.... Secas. A fonte que na superfície é estática, mas que há vida dentro dela. As notas fiscais que estranhos receberam, provavelmente nem leram e jogaram no chão. Os bancos recém restaurados, verdes e feitos para uma pessoa sentar e escrever enquanto a outra deita e fica olhando a que tá sentada escrevendo sem deixar que ela perceba. O chão é convidativo pra andar descalço e quando a vista aponta pra cima o verde, o azul e os traços dos galhos formam uma textura que eu consigo sentir na barriga. Até o vento que passa e muitas vezes a gente não percebe fez questão de ser personagem durante toda a cena. Aliás, sempre que divido a vida contigo eu entro em um palco. Com chão de madeira bem envernizada e poltronas vermelhas. O teatro sempre tá vazio, mas a gente parece se divertir mais do que qualquer público. E artista. Juntos.

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