sábado, 7 de setembro de 2019

vejo e não é de hoje.
na época dos cajus as coisas tendem a acontecer:
um despertar que acontece rasgando da noite pro dia começa a coçar:
a percepção grita no pé do ouvido
conferenciando o que não se pode ser visto e deixando tudo com um ar de preparação:
saltar de paraquedas, sofrer um quase acidente, ir pra um local desconhecido, distante e sozinha:
chegar nesse local desconhecido, distante e sozinha:
perceber que você estava lá,  tem até fotos e digitais espalhadas pelas paredes:
paredes que se falassem já teriam dito pra sair de lá
ser segunda opção não é a opção

em momentos alternados e quase inexistentes,
- me sentia potência de ser amada
- sabia que podia voar sem preocupar me com o pouso
- podia ouvir e ver ventos que bagunçaram o momento fazendo eu perceber que não estou só
- avistava o que vinha de estradas vizinhas
- me alimentava inconsciente do que aquilo faria comigo por dentro
o sentimento tenta pairar sob coisas que cegamente não se faziam por ver
e quando visto de fora parece se esconder em muros construídos para evitar 
até que ponto mentir ou contrair cegueira prolongam algo?

o ego o ego o ego
a arma que aprisiona todos que ousam não falar dele
enquanto houver desejo correspondido
- deixa no chão
o desejo correspondido tá ocupado?
- vamo ali

assim se cria e fortalecem falsas ilusões sobre como alguns amores ditos livres na verdade são quase uma desculpa para a irresponsabilidade emocional

passar bem todas que tiverem vergonha de mim e não me quiserem por perto em momentos não fúteis para tais


escrito em 2018 e esquecido por lá mesmo 
agora tenho que sentar de costas pro muro
ter cautela quando for pra debaixo da ponte
andar devagar quando for virar a esquina
freiar antes do bar

quando você deixar de ser algo
passa a ser outro
quando você deixa de ser outro
passa a ser nada