quinta-feira, 13 de novembro de 2014

passarim voando em outro plano
passarim cantando no mesmo tom
nas entrelinhas que me fizestes entender
nas entrelinhas que me fizestes fazer
nas entrelinhas que me fizestes permanecer
passarim quebrou a asa
passarim ficou sem cola
num mundo todo redondo
o remédio não pode ficar no canto da sala
num mundo todo redondo a dor embola
passarim que usava óculos pra tentar ver a cor do vento
passarim que dez um fazedor de cor e acoplou em si
a poesia perdeu um dente
vai ficar banguela

segunda-feira, 10 de novembro de 2014

agora
há mais poesia
no balançar
das folhas

(é bem facim ser poeta
é só sofrer por mil
amar por dois mil
e fingir por si)

sempre
houve poesia
no quebrar
das ondas

(é bem facim ser poeta
só precisa cortar suas
vontades, numa tábua
d'água)

ontem
sonhei que havia
uma nuvem que fazia
chover pequenas coisas

(é bem facim ser poeta
só tem que pegar essas coisas
com uma peneira de entrelinhas)

nunca
vou ficar caduca
a ponto de esquecer
que o esquecimento machuca


(é bem facim ser poeta
você só precisa não ser)