sexta-feira, 17 de agosto de 2018

entre o infinito
e o amor
eu caí

quando olhei para
os lados
não havia ninguém

procurei de novo
olhei
olhei

não havia ninguém
apesar de muitos braços
não havia ninguém

aí eu corri para o mar
e no mar
eu encontrei alguém

segunda-feira, 26 de março de 2018

movimento dos barcos

São gestos que carinhosamente se completam nos corredores.
Parecem apenas dois olhares, mas o acalentamento não é proporcional ao apenas.
Gatilhos de alívio são necessários contra o esgotamento de si.
Ninguém deve se sentir só.
Atos de carinho estão na lista de gestos em instição.
O casal que andava rápido de mãos dadas agora, por um fio, quase andam em lados opostos da rua. Tenho medo de um dia os rios se dividirem por vaidade. 
A brincadeira agora é saber quem chora mais. Entre subir paredes e imergir em sopros fico com a segunda opção apenas por saber nadar.
Tento entender o que os olhos de muitas pessoas estão falando. Tento entender por onde é melhor entrar. Tento entender o porque de ter que tentar entender. E tento não pensar no casal que não passa há três dias.
indecente
carinhosa

nem isso
nem aquilo

no mar
na terra

debaixo de mim
dentro de nada

correr
andar

precisar
correr

respirar
assoprar

pra nunca
mais voltar

domingo, 18 de março de 2018

A capacidade de aguentar,
por uma razão desconhecida,
um respiro antes da morte.
Invisível, a corrosão começa
silenciosamente amarelada
e o tempo começa a respirar
perto do teu ouvido.
Nunca entende as palavras,
mas sabe pelo levantar da pálpebra
que a linha de chegada se aproxima.
Correr contra corroer,
impossível tarefa para
os que não sabem o que passa.
Estruturas inexistentes
começam a fazer sentido
num plano indesejável
e a capacidade de aguentar
começa a se esvair.

segunda-feira, 5 de março de 2018

passarim voando em outro plano
passarim cantando no mesmo tom
nas entrelinhas que me fizestes entender
nas entrelinhas que me fizestes fazer
nas entrelinhas que me fizestes permanecer
passarim quebrou a asa
passarim ficou sem cola
num mundo todo redondo
o remédio não pode ficar no canto da sala
num mundo todo redondo a dor embola
passarim que usava óculos pra tentar ver a cor do vento
passarim que fez um fazedor de cor e acoplou em si
a poesia perdeu um dente
vai ficar banguela

maresia 2014

queria que minhas fronteiras
encostassem nas tuas
que nosso fazedor de sono
funcionasse igual
e ao mesmo tempo
será que já vimos
a mesma onda?
digo, elas se repetem
em diferentes lugares
-e confesso que já pedi
pra uma onda bem mansa
te acalmar-
pedi sim
quando nasci pela primeira vez
não lembrei de nada
após essa tentei ser gente
ser gente é bicho estranho
tentei ser vento descendo ladeira
abri meu corpo no final
noventa coisas diferentes passaram
pela minha tentativa de ser
e entre elas não descobri o que sou
ser gente deve ser

bicho muito estranho

terça-feira, 30 de janeiro de 2018

fortaleza 2000

- corre, corre! lá vem mainha, corre, corre!!!
desce ladeira,
tropeça nas raízes das mangueiras,
pega a bicicleta,
corre, corre
-ufa, ainda bem que existem as borboletas para ela se distrair