Frestas invisíveis arrancam o pregar dos olhos
Estampam na televisão imaginária
Tudo que o gozo limita em face súbita
A superfície labial se nega a encostar em si
E nenhuma aresta é capaz de suportar
O peso da negação
Algumas primaveras acontecem sorrateiramente
Passam-se anos e ninguém sente o cheiro das flores
Os bichos não envelhecem e os relógios
De alguma forma insistem em voltar ao mesmo lugar
Os reencontros antes de acontecerem pegam o trem
O lugar de destino final tem espelhos e setas
Não há fórmula televisiva nem industrial
O que resta é mover-se a lágrima e suor
Enquanto se espera o diferente desabrochar das rosas