terça-feira, 18 de agosto de 2020

Frestas invisíveis arrancam o pregar dos olhos 

Estampam na televisão imaginária 

Tudo que o gozo limita em face súbita 

A superfície labial se nega a encostar em si 

E nenhuma aresta é capaz de suportar 

O peso da negação  

Algumas primaveras acontecem sorrateiramente 

Passam-se anos e ninguém sente o cheiro das flores 

Os bichos não envelhecem e os relógios  

De alguma forma insistem em voltar ao mesmo lugar 

Os reencontros antes de acontecerem pegam o trem 

O lugar de destino final tem espelhos e setas 

Não há fórmula televisiva nem industrial 

O que resta é mover-se a lágrima e suor 

Enquanto se espera o diferente desabrochar das rosas