Eu poderia escrever um ensaio completo sobre tuas costas
naquele dia.
De todas as ansiedades que acidaram meu dia aquela me fez
rir,
Talvez, de fato eu não saberia o porquê. Ou só não quisera
admitir, pois
Já que tudo ladrilhava de uma forma inesperada e inflável
não estivesse
Com coragem suficiente para saltar de uma altura não segura.
Deus abençoe o dia de amanhã e as coisas que o fazem vir
mais depressa.
Alguns beijos podem servir de preparação para um corte fino
e fundo e
Enquanto as mãos se abraçam o corpo se blinda aos poucos com
partes do outro.
De que serve tudo isso se não para que nada seja de fato um
nada?
A superficialidade de algumas coisas me ataca e come minha
costela devagar
Enquanto eu olho pro lado pra fugir daquela coisa morta que
insiste em aparecer.
Minha sorte é que eu vi tuas costas naquele dia e sobre ela
eu seria capaz de escrever
Um ensaio completo da mais magnífica leveza e imprecisão do
primeiro voo de um pássaro.
Desalinhada com o tempo e com as vozes que passavam por ali,
sem conseguir fingir,
Correr e muito menos sem querer desviar o olhar eu me peguei
pensando num piso
De madeira amarelada queimada e nossos pés se mexendo feito
folha no chão quando
Bate o vento do final de tarde. De todas as preocupações que
eu resistia pra não esquecer
Apenas uma ficava sentava no me ombro ali: Como eu faço pra
meu aproximar dessa menina?