quinta-feira, 16 de março de 2017

eu não sei dançar
mas meus olhos
meus olhos dançam
eu não sei dançar
mas quando
tua retina alcança a minha
meus olhos dançam
eu não sei dançar
mas meus olhos dançam
quando tua retina
alcança a minha
meus olhos dançam
mas eu não sei dançar
em um dia de chuva um caramujo anda com cuidado
seu enorme mundo se enche de grandes pedaços de água
como são animais obcecados por coisas em ordem
todos os ângulos dos desvios são pensados muitas vezes
a consciência dele gira setenta vezes enquanto isso
do outro lado de uma pedra despretensiosamente
duas minhocas passam quase uma por cima da outra
seus possíveis pares de coração continuam normalmente
nem separadas por apenas grãos de terra deixam escapar o sutil
a pedra que tudo vê e nada fala nada sente
na continuidade do dia a chuva deixou de acontecer
curiosa com o descaso com o acaso das minhocas
tratou de voltar mais depressa que o rio quando vê o mar
o êxtase é instantâneo quando a realidade é a vontade
o caramujo passou por cima da pedra e caiu perto das minhocas
com o peso menor que sua existência juntou as minhocas
até a pedra que não falava conseguiu gritar naquele momento
junto com a soltura do grito começou a sentir
quase que saia andando se não fosse contrário do seu ser
como a gente que quase voa quando ama
as minhocas que carregam mais corações que nós
sabem bem que não olhar pra trás muitas vezes é o que impede de ir
pela paralisação causada pelo momento
esqueceram de agradecer o caramujo
que já ia lá na frente reclamando baixo por mais um desvio

terça-feira, 14 de março de 2017

o princípio não fala
mas anda
e eu
no ritmo dele
fui


foram inúmeras as contrações antes do momento parir o princípio
por não haver aviso prévio despreparada me flagrei depois do começo
já era tarde pra querer alguma coisa que não fosse aquilo prolongado