sexta-feira, 31 de outubro de 2014

hoje tropecei no cadarço
do meu pensamento,
após a queda rolei
até bater numa
estátua de vento
que fixou-me,
ao lado de seus dedos
que mediam distância
vi uma foto tua,
a risada que saia de lá
é a mesma das quatro
quando não ligamos
para a medida do
dedo da estátua de vento

[confissão]

segunda-feira, 27 de outubro de 2014

gostaria de pedir
aos que tentam,
com alguma razão
ainda desconhecida por mim,
que parem de tentar me definir
e me encaixar em palavras normais
(me identifico muito com
qualquer palavra que voe)

sexta-feira, 17 de outubro de 2014

não só sou como
não quero só ser
agora já sou diferente
do que era e 
assim vou sendo
estando
o individuo
endividou-se e
entregou o seu
estar por um
ser comum
perdeu-se nos
seus desejos
rendeu-se a
unidade
no espelho já não
há reflexos de vontades
apenas de sono
já risquei alguns pensamentos bons
uns planos também, mas nada
construtivo ou destrutivo
inclusive isso, transmite
verdadeiramente as ondas
lineares que percorrem meu corpo
ao te ouvir pedir desculpas por
me acordar no meio na noite
todos os passos de dança que
ensaiei para nós precisam ser
imediatamente realizados
quero dormir atrás da tua orelha
ouvir tua risada de perto e
poder confirmar a teoria
sobre teu cheiro
qualquer sorriso e um dar as mãos
me fazem te querer por perto
o tempo brincou com a gente
nossa vontade de dançar
uma com a outra em
várias ocasiões está ficando
cada vez mais exposta,
entre nós
tento não perder muito tempo
pensando em um porque
a urgência é te ter

terça-feira, 14 de outubro de 2014

nada me assombra mais
em mim do que a
minha capacidade d
absorver determinadas 
coisas apenas ao olhar
re
pito

e cá também: só
mantenho o que me
convém, e me liberto
de tudo que tenta
me fixar
voar
é
lei
nos contratempos do presente
meu destino é formado, há sim
poesia nas entrelinhas
hoje em dia só imito no espelho
outros eu, nasci para mim!
as in
tensões
más intensões, atrapalham
embaraçadamente as
construções que tentam se
erguer para poder lutar por
contratempos desperdiçados
ex
tra
pola
nas fugas cotidianas é onde
se encontra mais de mim
todos meus restos estão lá
demorei só um pouco para notar
que minha fuga tá

em
risos
em sorriso ainda presos num
porão inconsciente
vovó pedia silêncio para ouvir
o barulho das asas dos passarinhos
isso caiu direto no meu porão

é
bom
meu passado não cabe mais em mim, e
nem deve, mas sempre recorro a ele
quando penso que não haverá mais futuro

quarta-feira, 1 de outubro de 2014

num papel dobrado, sem datas:

o horizonte pode te calar,
o rosa do crepúsculo pode
com toda plenitude
te sugar para outra
atmosfera, e lá talvez
o monstro que sempre
esteve em seu armário
esteja sentado lendo
alguma teoria banal
sobre seu inferno astral
fumando um cigarro, com
a barba para fazer,
ou talvez só um espelho
em um quarto preto,
tocando um velho vinil
arranhado pelo tempo
tempo
o mesmo
tempo
que te corrói