quinta-feira, 10 de março de 2016

tô com meus olhos ressecados
quase sangrando
mas tua silhueta reina
atrás dos teus lençóis antes brancos
e tudo que consigo mover
são oito dedos do pé

o osso superior a minha bacia
me incomoda tanto quanto
um alfinete pisoteado por descuido
com a ponta mais fina pra cima
o meu corpo anseia por descanso
mas minha mente não respira fundo

teus pés gelados com ossos estranhos
e cicatrizes antigas imitam um imã
quando lentamente vão combinando
com os meus pés também gelados
com ossos estranhos
a dança solene dos quatro bailarinos

a reação necessária para a flutuação
é quando o sorriso vem com os olhos
qualquer parte da realidade que fuja
da minha ideia de dor é esquecida
quando imersa em água salgada
e em lençóis antes brancos

sexta-feira, 4 de março de 2016

aquela melodia suave imaginária
ao fundo de um momento bom
com uma batida familiar acompanhada
por um prato em dois tempos

suavidade é relativa e
ainda mais quando te envolve

bunda no chão do banheiro
espinha alinhada com a divisão
das cerâmicas verdes e
gotas d'água furando minha cabeça

o ralo é o futuro mais próximo

me transformar em água e escorrer
por espaços iguais ao que alinham me coluna
passar pelo ralo e não ter que ser eu
me afogar em mim e não poder correr

o fim é relativo
ainda mais quando não te envolve