Hoje me agarrei com a insônia madrugada
como quem se agarra com a mãe
depois de uma partida inesperada.
As teclas dos teclados pareciam abismos
e o papel inexplicavelmente
tinha o reflexo do meu rosto aquarelado nele.
Talvez eu estivesse muito insatisfeita
com o meu dia e com uma não presença.
Tento sentir atração pela cama limpa
e os
lençóis espalhados
mas tem um pássaro na minha cabeça.
Voando. Sem parar.
Gritando. Sem parar.
Acho bonito.
A melodia da falta de saber o que
fazer
tem sua parcela de necessidade.
A culpa, que também é um bicho,
devia entrar em hibernação
quando passamos a correr atrás da gente mesmo.
Mas
não. Ela fica voando.
Sem parar. Gritando. Sem parar.
Me perco ridiculamente.
Nem em todas as noites e dias
que
moram dentro da madrugada
possuem horas necessárias para entender
porque o
bicho nós tenta entender. Sem voar.
Se parar. Gritando. Sem parar.
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