terça-feira, 18 de outubro de 2016


Hoje me agarrei com a insônia madrugada 
como quem se agarra com a mãe 
depois de uma partida inesperada.
As teclas dos teclados pareciam abismos 
e o papel inexplicavelmente 
tinha o reflexo do meu rosto aquarelado nele.
Talvez eu estivesse muito insatisfeita 
com o meu dia e com uma não presença. 
Tento sentir atração pela cama limpa 
e os lençóis espalhados 
mas tem um pássaro na minha cabeça. 
Voando. Sem parar. Gritando. Sem parar.
Acho bonito.
A melodia da falta de saber o que fazer 
tem sua parcela de necessidade.
A culpa, que também é um bicho, 
devia entrar em hibernação 
quando passamos a correr atrás da gente mesmo. 
Mas não. Ela fica voando.
Sem parar. Gritando. Sem parar.
Me perco ridiculamente.
Nem em todas as noites e dias 
que moram dentro da madrugada 
possuem horas necessárias para entender 
porque o bicho nós tenta entender. Sem voar.

Se parar. Gritando. Sem parar.  

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