quarta-feira, 28 de setembro de 2016

Quando teus olhos olham para baixo
Entro em contradição com o universo
Desvio-me da busca por alguma verdade
E me torno vendedora ambulante de vagalumes
Enquanto tuas mãos percorrem o vento
Penso no que resultará tudo aquilo
Alguma leve massa de partículas sorri
E deito de costas pro mundo
São infinitas as possibilidades
As probabilidades
As quedas
Recorro ao passado enquanto lavo os pratos
Se não fosse ele eu estaria sem cor
E lembro que não posso esquecer do passado
Não posso esquecer da dor do passado
Não posso esquecer do peso do passado
Não posso esquecer do cheiro do passado
Não posso esquecer do não nem do sim do passado
Do que o passado me fez passar
Das passadas que dei
Do quanto o passado demorou pra passar
E do quanto foi bom quando passou
A água escorre pelos meus dedos agora imóveis
O passado é bom quando acaba?
Acaba?
Passado o passado a gente sente?
A gente sabe?
Os encaixes que antes pareciam infantis
Tendem agora a ser de uma enferma complexidade
Sentar na velha cadeira
Ver a velha companhia do  salto de olhos fechados
Faz o passado passar mais rápido

Quanto tem que passar 
Enquanto o agora não é passado
Há possibilidade de abraços 

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