sábado, 7 de março de 2015

na unica hora livre de seus dias
senhoras descalças com mão unidas
colam as palpebras em busca
do futuro branco preferido por deus

as duas faces da lâmina sob a mesa
entregam sob reflexo todo o preterito
dores imerças na água fervendo com batatas
não são mostradas no livro de receitas

nas linhas firmes amarradas entre casas
pedaços de panos quase sem fios são expostos
ali, nomes cintificos para o amor atropelado
se confundem soberbamente com o amaciante barato

as crianças não andam mais de bicicleta
porque não sabem andar de bicicleta
sabem com quantas balas se mata alguém
mas médico é diabético, o engenhiro também....

quando a bola amarela sobe no breu
o país para, os pais se calam
as crianças somem, porém a bola ainda não desceu
devemos continuar

o cego tropeça no meio fio o comerciante reclama
a freira reza o ocupado passa
mas não vai muito adiante
tropeça em um inteiro fio enfeitado

o vapor que sai da panela...
a ferida do joelho...
no esconderijo da arma...
o país para os pais se calam

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