terça-feira, 31 de março de 2015

Ah, subir na árvore
Se estripar no chão
Dizer que o amor acabou
Olhar pra vizinha
Sentir vontade de vomitar
Pegar o ônibus e ver todas
Aquelas belas amarelas e verdes
Pernas que não param não param
Colocar uma máscara igual a tantas
Outras e não ser reconhecido
E não amar
A máquina maqueia qualquer face,
face a minha, face a tua, face
a nossa, aquela face enrugada,
a face que não ama, a face
que ninguém vê e alface
No meio do caminho tinha um corpo
Um corpo sem nome, sem chapéu
Com óculos e bigode
Meio torto, parecia só
A perícia nem ousou abrir o corpo
Caso conhecido
- Ele era um poeta
No atestado em letras pretas
Pequenas a causa:
Morreu de melancolia
No plantão do instituto
Um puto patético carregava
Certo caderno de anotações
E sem saber
Iriar morrer das mesmas causas

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