quero sentar numa praça
sem ter medo do que há atrás de mim
pau, pedra ou cálice
tudo fazem por um sim
nas esquinas da cidade
há muito de mim
e no chão do hospital
meu irmão espera por um rim
o filho da vizinha não estuda
pois tem que trabalhar
enquanto a mãe lava uma roupa
que, se quer, não vai usar
pelo calçadão no domingo
percebe-se quem é quem
pra onde o rico vai
de onde o pobre vem
motorista tem medo de pegar gente
que mora ao lado dele
pois quando sai de casa
esquece de onde veio
universidades fecham as portas
é o triste ciclo caotico
ficando robótico, CIStmático e falho
adiando o fim do que nos castra
pra usar banheiro é preciso uma lei
pois há doutores
há doutores ditando
achando que sabem quem somos
sinal fechado é motivo de medo
e ônibus lotado é sinônimo de atraso
da moça, antes uma hora e meia andando
do que homem a tocando
o patrão reclama, a avó não entende
o filho dorme com medo
mas ninguém sabe do pai
todos culpam a mãe
a morte é disfarçada, acreditem,
com guerra e proíbem uma droga
pra vender outra que é mais fatal
mas o lucro é legal
o cachorro late e eles o calam
com a morte, o sangue que escorre
logo é lavado, televisionado
e esquecido
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