domingo, 22 de março de 2015

quero sentar numa praça
sem ter medo do que há atrás de mim
 pau, pedra ou cálice
tudo fazem por um sim

nas esquinas da cidade
há muito de mim
e no chão do hospital
meu irmão espera por um rim

o filho da vizinha não estuda
pois tem que trabalhar
enquanto a mãe lava uma roupa
que, se quer, não vai usar

pelo calçadão no domingo
percebe-se quem é quem
pra onde o rico vai
de onde o pobre vem

motorista tem medo de pegar gente
que mora ao lado dele
pois quando sai de casa
esquece de onde veio

universidades fecham as portas
é o triste ciclo caotico
ficando robótico, CIStmático e falho
adiando o fim do que nos castra

pra usar banheiro é preciso uma lei
pois há doutores
há doutores ditando
achando que sabem quem somos

sinal fechado é motivo de medo
e ônibus lotado é sinônimo de atraso
da moça, antes uma hora e meia andando
do que homem a tocando

o patrão reclama, a avó não entende
o filho dorme com medo
mas ninguém sabe do pai
todos culpam a mãe

a morte é disfarçada, acreditem,
com guerra e proíbem uma droga
pra vender outra que é mais fatal
mas o lucro é legal

o cachorro late e eles o calam
com a morte, o sangue que escorre
logo é lavado, televisionado
e esquecido

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