quarta-feira, 15 de fevereiro de 2017

voar voar cair cair

os labirintos se derreteram
e do líquido que restou
moldaram-se nós 
na beira de um rio
o ponto de partida 
da existência atual
foi o fim de algo extraordinário
acometido por alguns desastres
bem peculiares que hoje
se acanham na nossa nuca
a estratégia adotada
pelos seres água 
é ir junto com tudo
pra onde ninguém sabe
durante o caminho 
pisando em tudo que dói
e em tudo que cura o que dói
a cabeça do que se formou 
entra em uma dança sem par
sem chão, sem parede, sem céu
sem fim, sem começo e
de volta ao labirinto 
a vontade de derreter entra
em suma a contemplação 
do passado que era começo
aperta lá dentro 
e a gente percebe
que mesmo depois de muito rio
muito mar, muito lago
o nosso molde é o mesmo
nós somos todos conjuntos 
individuais de nada
feitos da mesma matéria
do mesmo passado
na mesma beira de rio
depois do mesmo fim
e vamos todos virar
o mesmo amontoado
de resto

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